Num período em que especialistas discutem a educação midiática e a influência da tecnologia,
na qual se inserem as redes sociais, na formação das crianças e dos adolescentes, o tema
continua gerando muitas dúvidas em como lidar com ele e como orientar filhos/alunos para
que a saúde mental não seja afetada e o ambiente digital seja saudável e equilibrado. Estudos
recentes apontam que o excesso de tempo de telas traz malefícios.
Um estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, concluiu que o excesso
de tecnologia leva a prejuízos na comunicação entre crianças e adolescentes, causa problemas
no sono e atrasos no desenvolvimento cognitivo, que é o processo de crescimento da
capacidade de uma pessoa de processar informações, aprender, reter e responder a desafios,
entre outros problemas.
A Organização das Nações Unidas, por sua vez, publicou recentemente um relatório em que
aponta preocupações sobre o uso excessivo de celulares em sala de aula. Segundo a Unesco, o
uso excessivo dos celulares impacta o aprendizado e, por isso, o seu uso deve ser como
ferramenta, quando necessária, e não como forma de substituir a interação humana. Ainda de
acordo com o estudo da Unesco, pelo menos um em cada quatro países do mundo já proíbe ou
tem políticas sobre o uso do celular em sala de aula. Felizmente, o Brasil já deu um passo
importante proibindo o uso dos dispositivos eletrônicos em sala de aula, exceto para fins
pedagógicos.
Há recomendações universais a serem observadas por pais e educadores a fim de criar uma
educação midiática eficaz. O uso da internet, que não é terra sem lei, deve ser feito de forma
responsável, as crianças/jovens devem ser orientados a fazer seu uso de forma ética e
consciente. Deve ser incentivada a regulamentação das redes sociais por meio da promoção,
do aperfeiçoamento ou da criação de leis e de normas que regem o comportamento on-line,
pautado pelo respeito aos direitos humanos e à privacidade dos outros.
Sem uma regulamentação eficiente, a velocidade de alcance, o anonimato, a falta de
responsabilidade, a manipulação dos sentimentos e das emoções dão origem, muitas vezes, às
informações falsas (fake news), que se espalham e impedem a verificação da veracidade das
informações antes que elas se tornem virais.
Infelizmente, as consequências são previsíveis para a sociedade: a polarização política, a
intolerância religiosa, o proselitismo político ou religioso, a disseminação do bullying
(cyberbullying), da misoginia e do machismo, a desconfiança nas instituições, na ciência, na
democracia e a incitação à violência. Todas graves e podem ter resultados trágicos.
Por isso, para que haja uma educação midiática, há a necessidade de um trabalho conjunto
envolvendo a escola, a família, o governo, as plataformas digitais a fim de combater a
disseminação de informações cujo teor, além de falso, é prejudicial à sociedade.
É preciso que todos fiquem alertas antes que a situação piore ainda mais. Fica uma sugestão
simples que todos podem fazer: promover interações sociais presenciais, sem a intermediação
da tecnologia, num determinado espaço de tempo.
Vale a pena a reflexão.
Equipe Pedagógica