Como estabelecer limites na adolescência

Pais e professores sabem bem o desafio de lidar com a fase da adolescência. Quando pequenos, eram obedientes e compreensivos.

De repente, transformam-se em pessoas contestadoras, pleiteiam a privacidade e se vestem de um jeito nunca imaginado. Em vez de cair em provocação, bater de frente ou levar o assunto para o lado pessoal quando um conflito acontece, aproveite o momento para desenvolver neles a busca pelo bem-estar.

A adolescência, considerada pelos neurologistas o período entre os 10 e 25 anos, é a época em que o cérebro ainda está em desenvolvimento e o sistema cerebral que governa o autocontrole está especialmente maleável. Laurence Steinberg, especialista em adolescentes e professor de psicologia na Universidade Temple (Filadélfia), afirma em seu livro The age of opportunity que, “devido à plasticidade do cérebro, a adolescência traz uma segunda chance para ajudarmos nossos filhos a serem mais saudáveis, felizes e bem-sucedidos”.

Vale lembrar que plasticidade cerebral é o processo pelo qual o cérebro se desenvolve na interação com o ambiente e que a infância e adolescência são as melhores épocas para o desenvolvimento positivo. É nessa fase que os seres humanos têm a oportunidade de firmar a identidade, os valores e as crenças. Muitos comportamentos considerados como afronta são, na verdade, uma necessidade própria da idade.

Leia também qual a importância da presença dos pais na vida dos filhos. 

Limites bem argumentados na adolescência

No Colégio São Judas Tadeu, Guilherme Marin Pereira, professor de Sociologia (1ª e 3ª séries) e Filosofia (2ª série), leva sempre temas relevantes para essa etapa da vida. “Sempre digo que o objetivo de minhas aulas é ajudá-los a aprimorarem a capacidade de argumentação e que, em Sociologia, buscamos aplicar o método científico, portanto, não nos interessa a expressão de opiniões individuais, mas a articulação de ideias dos pensadores ao longo do tempo sobre os temas do cotidiano”, explica.

Guilherme reconhece que não é fácil dizer a adolescentes que a opinião deles não é importante, numa fase da vida de afirmação de identidades individuais. “Trato o tema com muito cuidado e ressalto que sei sobre o momento de vida deles, mas que, na escola, temos de aprimorar as capacidades de entendimento do mundo e isso exige certo limite à espontaneidade individual.”

Um bom exemplo de como estabelecer limites é sobre o uso de gírias, outro traço marcante da formação da identidade nessa época da vida. Em vez de apenas proibir, ele explica que as gírias são eficientes instrumentos de comunicação quando se lida com um grupo restrito de pessoas. “No entanto, na escola, devemos aprimorar constantemente nossas habilidades em se comunicar com qualquer falante de língua portuguesa, portanto a aproximação da linguagem oral da norma culta é importante para se fazer entender a um grupo maior de interlocutores.”

É isso: educar não é um jogo em que se determinam vencedores e perdedores. O adolescente precisa ter do adulto uma posição firme, mas respeitosa. E aprender, assim, a dar o devido respeito – porque é desse jeito que a vida funciona (leia mais sobre o tema na reportagem de capa O desafio da adolescência).

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